sábado, 18 de novembro de 2017

18 de Novembro - Loucura Protestante



Por que mais de 900 pessoas se mataram por causa deste homem?

Até os ataques de 11 de setembro, a maior tragédia envolvendo ações deliberadas contra civis americanos teve lugar em meio à floresta amazônica, no território da Guiana. Há exatamente 39 anos.

Em 18 de novembro de 1979, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, uma comuna fundada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, uma seita PENTECOSTAL CRISTÃ de orientação socialista.

Embora algumas pessoas tenham sido mortas a tiros e facadas, a grande maioria pereceu ao beber, sob as ordens do pastor, veneno misturado a um ponche de frutas.

Foi um fim trágico para um projeto utópico iniciado em 1956, no estado americano de Indiana. Apesar de promover curas "milagrosas" fraudulentas, Jones promoveu ideais igualitários, como impor vestuário modesto para os frequentadores de cultos, distribuição de comida gratuita e mesmo o fornecimento de carvão para famílias mais pobres no inverno, o que atraiu um imenso contingente de fiéis de perfis raciais mais diversos.

Em meados dos anos 60, o Templo Popular se mudou para a Califórnia, um local mais apropriado para os ideais esquerdistas do pastor. Nos anos seguintes, o movimento ganhou popularidade suficiente para que Jones circulasse entre os poderosos - a primeira-dama Rosalynn Carter, por exemplo, encontrou-se várias vezes com ele.

Mas a seita também despertou suspeitas e investigações da mídia americana, que explorou relatos de dissidentes sobre um suposto estilo messiânico e ditatorial do pastor. O escrutínio levou Jones a buscar refúgio na Guiana, onde conseguiu permissão das autoridades locais em 1974 para arrendar um terreno em meio à selva e criar uma comuna longe de olhos mais curiosos.

Jonestown, como o assentamento foi batizado, tinha uma escola, bangalôs e um pavilhão central, além de espaço para que os habitantes plantassem verduras e legumes. O pastor e centenas de seguidores se mudaram para lá em meados de 1977. A única forma de contato com o mundo era um rádio de ondas curtas. Houve relatos de que Jones promovia um regime ditatorial, marcado por punições severas e pela presença de guardas armados para tentar evitar fugas.

O pastor também avisava aos seguidores que os serviços de segurança americanos estavam "conspirando contra Jonestown", e que uma das soluções seria um "suicídio revolucionário". Algo que, por sinal, teria sido ensaiado algumas vezes em assembleias.

Em 1978, alertado pela preocupação de parentes de integrantes da comuna, o deputado federal Leo Ryan viajou à Guiana com uma delegação de 18 pessoas para visitar Jonestown, Depois de negociar entrada no local, a visita ocorreu em 17 de novembro. No dia seguinte, Ryan e mais quatro pessoas morreram a tiros em uma pista de pouso próxima ao assentamento. Poucas horas depois ocorreu o suicídio coletivo.

Os relatos de sobreviventes falam em um "estado de transe coletivo", mas uma sinistra gravação dos procedimentos, que inclui discursos de Jones, contém gritos de agonia das pessoas envenenadas. Quem tentou fugir foi morto.

Quando autoridades da Guiana chegaram a Jonestown, o pastor foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em uma posição que sugeriu suicídio. Dos habitantes que estavam em Jonestown naquele dia, apenas 35 sobreviveram. Mas também são considerados sobreviventes pessoas como Laura Johnston Kohl, que naquele dia estava na capital guianesa, Georgetown, comprando mantimentos para a comuna.

"Nós éramos visionários que deixaram para trás os confortos da vida urbana e se mudaram para o meio da floresta para criar um modelo de comunidade para o resto do mundo. Jim Jones era articulado para mascarar as partes dele que eram corruptas ou doentes", explica Kohl, autora de um livro em que relatou suas experiências no culto.

Quase quatro décadas depois da tragédia, Jonestown ainda provoca polêmica na Guiana. O terreno da comuna foi "reconquistado" pela floresta, mas há no país quem queira ver o local explorado como ponto turístico, assim como acontece nos antigos campos de concentração nazistas na Europa, por exemplo. Mas o governo do país tem se recusado a considerar a possibilidade.

ORIGEM: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151118_jim_jones_massacre_fd 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Sem Dores



Para não falar que não falei de dores
Para não dizer que vivi apenas de amores
Dias nublados também tem cores
O cinza, o castanho e o negro confundem-se com seus olhares
Tão tristes... sem saberes, sem sabores!
Sem estar nos teus braços, nos teus beijos, sem flores!

domingo, 23 de julho de 2017

12 Vidas 02: Velório do Antônio

- Ele era um excelente rapaz!
- Todo mundo gostava dele!
- Não merecia essa morte!
- Coitada da mãe dele!
- Pois é... Que absurdo!
- Por que os jovens vão tão cedo?
- Ele sempre foi tão risonho!
- Todos o amavam!
- Eu não consigo acreditar, por que ele meu Deus?
- Nem viveu tudo que tinha pra viver!
- Tinha um futuro tão promissor!
- Era fantástico!
- Eu quero ir junto com você! Não me deixe!
- Eu te amo filho!
- Papai, você 'tá dormindo?
- Eu queria ter te ajudado mais!
- Ele sempre me ajudou tanto...
- Eu não gostava muito dele, mas todos diziam muitas coisas boas a respeito dele!
- Era um bom rapaz!
- Vá em paz!
- Queria que não fosse verdade!
- Lembro quando os primeiros dentes dele nasceu...
- Ele só colheu o que plantou!
- Depois que ele matou aquele homem, ele mudou muito!
- Sofreu muito esse homem!
- Foram quantos tiros?
- Meu filho: Não me deixe!
- Ele sempre foi tão lindo!
- Rosto de anjo!
- Não merecia ter morrido assim!
- Foi assassinado covardemente!
- Não queria vir te ver parceiro, mas...
- Eu te amo!
- Deus sabe o que faz Antônio!

sábado, 22 de julho de 2017

12 Vidas 01: Nó na garganta ou Duas vidas ou Pai e Filha

- Papai, papai...

A voz ainda sonolenta da doce menininha apresentava um ar de susto e medo. Seu pai pôs-lhe a mão em seu rosto e lhe disse:

- Estou aqui minha princesinha!

Lúcio ficou surpreso com o despertar de sua filha. Não fizera barulho algum. Resolveu passar no quarto simplesmente para dar um suave beijo na testa de sua bela princesinha, que já dormia com um ar angelical. Entretanto, não tinha pretensão de acordá-la.

- Desculpe-me querida! Não queria acordá-la...

- Não me acordou papai... Eu estava tendo um pesadelo!

- Não se preocupe. Foi somente um sonho Angélica. Apenas um sonho...

- Mas foi ruim papai, muito ruim.

A voz da pequena criança, de apenas sete anos de idade parecia não querer sair. Ela estava com um tom de voz de quem quer chorar. Seu pai tentou acalmá-la, resolver apertá-la em um forte abraço.

- Quer me contar o pesadelo agora?

Angélica sussurrou:

- Papai...

Ela relutou em prosseguir. Estava com os olhos demonstrando que o sonho, realmente a aterrorizara.

- Pode falar minha princesinha...

- Prefiro não reviver neste instante tudo de horrível que acabei de sonhar.

Constantemente, Lúcio se pegara refletindo sobre o amadurecimento de sua princesinha. Cada vez mais ele se interrogava sobre como ela estava falando como uma adulta, com pensamentos e consciência de gente grande. Talvez, ela não estivesse tendo a infância adequada.

- Tudo bem. Não precisa falar! Mas seja lá o que tenha sonhado, não se preocupe, foi apenas um sonho.

Neste momento a doce e inocente criança, que estava deitada naquela confortável cama e coberta por um espesso edredom amarelo com flores lilás e vermelhas, pegou a mão de seu pai e segurou firme. Olhou para cima e viu dentro dos olhos do pai. Ele esboçou um sorriso. Ela então disse:

- Papai: promete uma coisa para mim?

- Qualquer coisa meu anjo!

- Você promete que nunca vai fazer como a mamãe?...

Um nó se formou na garganta de Lúcio. Não conseguia falar. Por um instante, parecia não saber se ouviu realmente aquela frase. Ele pareceu indefeso, sentia-se sem chão. Sem suporte, sem ter para onde correr, sem saber para onde olhar, sem saber como reagir. Tentou falar, e proferiu as seguintes palavras:

- Não fazer o quê meu ano?

Suas palavras eram quase um demorado suspiro, praticamente inaudível, percebido pela linda menininha simplesmente porque a noite estava totalmente silenciosa.

- Papai, você promete que nunca vai morrer?

Com o silêncio do pai, Angélica ainda completou:

- Papai... Eu entendo que, às vezes, eu não me comporto e que de vez em quando eu apronto e não sou uma boa filha. Tem vez que eu até falo palavrão e faço má-criação... Mas acho que isso não é motivo para você me deixar. Já perdi a mamãe. Não quero ser abandonada por você também. Promete para mim que você nunca vai me deixar papai, eu não quero sofrer de novo...

Lúcio simplesmente abraçou sua filha e adormeceram ambos com um carinho imenso. Naquela noite, nenhum dos dois disse mais nada. Lúcio não podia responder. Na verdade, ele não sabia como responder. Resolveu acreditar que o tempo cicatrizaria a ferida no coração de criança de sua princesinha.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Estação Esperança - Capítulo 1

25 de novembro. Essa era a data que estava nos calendários da loja. Sempre passava por ali, trocava a folhinha para atualizar a data, colocando o dia de hoje. Na verdade fazia isso sempre pela manhã, sei lá, gosto de começar o dia com essa informação ali, para todos verem que o novo dia começou. Mas de qualquer jeito eu tinha que fazer, porque senão ninguém faria.
Mas nesse dia 25 quando abri a pastelaria onde trabalho vi um senhor sentado no chão, achei que estava passando mal e logo perguntei se ele precisava de alguma coisa.
_O senhor está bem? Quer que eu lhe ajude?
_Obrigado rapaz - respondeu o velho com ar de cansaço - só estou deixando o tempo passar um pouco para voltar para minha casa. Minha filha brigou com seu marido, e ele acabou batendo em meu neto. Saí pois não aguentei ver a cena.
Fiquei com sentimento que alguns definem como dó do velhinho, pois não sabia se eu poderia ajudar de alguma forma...
_Daniel! - meu chefe falando aos berros me chamou - anda logo que já estamos atrasados para abrir a loja! Por um instante, fiquei na dúvida: continuava ali conversando com aquele simpático senhor ou entrava para satisfazer as ordens do meu patrão? Senhor Oswaldo, o dono da pastelaria repetiu o chamado. E o senhor que estava no chão pareceu compreender-me e disse:

_Vai lá meu bom jovem, entre e vai trabalhar Daniel, porque se esse seu chefe vier aqui fora te chamar é perigoso ele te demitir!

Tanto eu como ele sorrimos. Resolvi arriscar.

_Não posso ficar aqui fora, mas se o senhor quiser lhe ofereço um pastel. Aqui dentro podemos conversar. Afinal, o freguês tem sempre razão. E se quiser conversar... Terei que conversar!

Desta vez só ele sorriu mais alegre. Eu já tinha conseguido o que pretendia: alegrar um pouco aquele senhor, que pelo que pude perceber, havia estado chorando muito recentemente.

Ele aceitou e entrou na pastelaria junto comigo. Senhor Oswaldo estava na parte interna e não havia percebido que já estávamos com cliente e começou a esbravejar e gritar. Mas ficou sem graça quando viu que já havia uma pessoa no estabelecimento... Sorte a minha!
Senhor Oswaldo pediu desculpas para o Senhor, que fechou a cara. Sem comer o pastel que eu havia lhe oferecido, olhou para mim e pediu desculpas. Eu confesso que não entendi. Acho que ele se considerou responsável pela lamentável situação. Eu disse que estava tudo bem, e que esse era o jeito do Senhor Oswaldo e que eu estava acostumado. Mas ele lembrou-me:

_Lembra o por quê saí de casa agora a pouco?
_Sim, recordo!

_ Odeio pessoas ignorantes, pessoas insensíveis. Não gosto de injustiça. Não gosto de ser humano que trata seu semelhante como animais. Aliás, pior, porque os bichos não se ofendem mutuamente por orgulho, prepotência e arrogância.

Eu fiquei inerte, enquanto via o Senhor Oswaldo ficar calado naquela situação.

_Até mais jovem Daniel, Deus lhe abençoe!
Fiquei sem reação. Aquela situação deixou-me estático e o Senhor Oswaldo... Bem ele se retirou e foi embora. Naquele dia ele não voltou para a pastelaria.
Eu não sabia. Mas aquele senhor, na verdade era...

[...]

Não sei o que ele era. Talvez uma forma de me aproximar da pessoa que eu amo, e sempre vou amar. Talvez um sinal para reflexão sobre as atitudes do chefe descritas no texto:

"Odeio pessoas ignorantes, pessoas insensíveis. Não gosto de injustiça. Não gosto de ser humano que trata seu semelhante como animais. Aliás, pior, porque os bichos não se ofendem por orgulho, prepotência e arrogância."

Uma opção poderia ser, pelo fato do texto ter iniciado um mês antes, claro, algo em relação ao Natal. Talvez um Papai Noel, ou um bom velhinho que daria algum exemplo de vida e com o texto acabando de ser escrito um mês depois, dia 25 de Dezembro de 2012 (hoje). Seria uma bela história, mas ainda não teve fim. Devido à brigas e discuções sem fundamentos, o mês foi complicado, com impaciência e sem demonstrações de carinho, afeto e amor. Amor esse que eu queria demonstrar com uma criação nossa, um texto nosso, fazendo algo que sempre quis e sempre te pedi: algo juntos. Compartilhar. Somar. Crescer. Juntos.

Ao invés dessa minha vontade, meu Natal não foi tão perfeito. Passei sem você. Não tive nenhum contato com você. Nenhum contato, nenhuma ligação, nenhuma mensagem de texto. Natal.
O texto perdeu o seu sentido.

E assim acaba esse texto, ou não, ele pode ser modificado a qualquer momento. Dentro do meu peito, um coração sem um pedaço. Penso como vai ser se isso continuar assim. Carro consegue se mover sem seu combustível? Avião sem asas?


Um buraco, mas sem ter a certeza se o buraco é em relação à alguém ou à uma fantasia criada para imortalizar aquele alguém que um dia me fez correr no parque municipal para brincar de pega-pega, que me fez superar barreiras para ser feliz, que com uma simples cartinha minha sorria, se emocionava, me abraçava com vontade e orgulho de me sentir, alguém que não se importava com o tempo que estava falando comigo, alguém que se preocupava com a hora de ir para casa pra não ficar muito tarde, e que eu, mesmo falando o contrário, compreendia.

Chegando dia 26 já, mais que um dia inteiro sem falar com você. Dor. Dor que não é dependência, não é controle, não é prisão. Dor, por amar. Amor. O mais puro. Ingênuo. Que só espera algo em troca: Amor.

Última Palavra

Eu não recordo qual foi a última palavra nem a última frase que você disse antes de partir... Eu não sei se isso é normal, mas sempre perco ...